domingo, 7 de março de 2010

A Juventude quer viver!

JOVEM LEVANTA-TE!!!

Os dados de 267 cidades brasileiras colhidos pelo Ministério da Saúde anunciam a morte de 33.504 jovens na idade de 12 a 19 anos, para o período de 2006 a 2012.


Ao mesmo tempo que recebia esta informação, veio-me à mente a imagem do funeral de um jovem da cidade de Naim, narrado no evangelho segundo Lucas (Lc 7,11-17). A mãe que já tinha perdido o esposo, agora acompanhava em prantos o féretro do filho. A cena é comovente, e Jesus “encheu-se de compaixão por ela”, e a consolou: “Não chores!” Faz parar o cortejo e ordena ao jovem: “Jovem, eu te digo, levanta-te”. Aquele jovem que estava morto sentou-se e começou a falar. Jesus então o entregou à sua mãe.


Muitos jovens da estatística do Ministério da Saúde já perderam a vida nos anos de 2006 a 2009. O que podemos fazer para devolver aos seus pais os jovens condenados à morte nos próximos anos? O gesto de Jesus certamente nos leva a ir ao encontro da dor humana com toda a compaixão.


Para parar este cortejo de morte, a Campanha da Fraternidade deste ano nos impulsionou a várias iniciativas de combate à violência e construção da paz. Agora podemos dar novos passos, promovendo neste mês de outubro o Dia Nacional da Juventude (DNJ – 25 de outubro), a semana do desarmamento e a semana mundial da paz (de 24 a 31 de outubro) e a Campanha Missionária. A mensagem do papa para o Dia Mundial das Missões (18 de outubro) acende a luz de nossa ação: “Pedimos somente para nos colocarmos a serviço da humanidade, sobretudo da mais sofredora e marginalizada, porque acreditamos que o compromisso de anunciar o Evangelho aos homens de nosso tempo é, sem dúvida alguma, um serviço prestado não só à comunidade cristã, mas também a toda a humanidade”.


Estes são eventos de mobilização, pois evidentemente não se muda a realidade com simples eventos. Eles apontam para as causas da violência, entre as quais estão a desestruturação da família, o desemprego juvenil, a exclusão social, a evasão escolar, a falta de formação profissional, o envolvimento com drogas e com a criminalidade. A essas causas mais estruturais se associam outras de tipo cultural, espiritual e de ausência de sentido e de projeto de vida, o que explica a prática da violência também por parte de jovens da classe média e alta.


Além de apontar para as causas, estes eventos querem apontar sobretudo para as soluções. E se os próprios jovens são sujeitos e vítimas da violência, são também protagonistas na “luta pela vida, contra o extermínio da juventude”. Dom Luciano Mendes de Almeida dizia: “enquanto não mudarmos nosso olhar para o jovem, vendo-o como problema, não vamos conseguir avançar e perceber que ele não é o problema, mas a solução”. O envolvimento dos jovens neste processo, e a educação de forma geral, são chaves fundamentais na mudança da situação.


A narrativa de Lucas evoca também a memória do profeta Elias que cura o filho da viúva de Sarepta (1 Rs 17,17-43) como um sinal dos tempos messiânicos. Era uma antecipação do gesto de Jesus Cristo devolvendo a vida àquele jovem conhecido apenas como o filho da viúva de Naim. Cristo espera também nosso gesto profético continuando sua missão, para dizermos aos pais de nossos jovens de hoje o mesmo que Elias à viúva de Sarepta: “Aqui está o teu filho vivo”.




Dom Tarcísio Scaramussa - Bispo Auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal

Nenhum comentário:

Postar um comentário